G1
Segundo relatório, maioria dos casos de violência acontece na rede pública, mas, existem relatos de casos em hospitais particulares e conveniados.
Seis em cada dez pediatras afirmam já terem sofrido algum tipo de violência no trabalho. Eles são agredidos principalmente por pais e acompanhantes dentro dos consultórios e recebem até ameaça de morte.
Uma outra pesquisa feita pelo Conselho de Medicina e Enfermagem revelou também que a maioria dos casos de violência acontece tanto na rede pública como no particular.
Os relatos de quem trabalha na saúde pública são
parecidos. “Uma vez uma acompanhante de um paciente chegou a me dar um soco no
rosto. Eu não tive tempo de me defender. Chamam de todos os palavrões possíveis
e imagináveis. Se demora é porque eu estou dormindo com alguém. Se demora é
porque eu sou funcionária pública, sou vagabunda. Todos os dias eu escuto esses
tipos de ofensa”, disse uma profissional da saúde que não quis se identificar.
A situação precária de vários hospitais é um dos motivos
que têm agravado a violência contra os profissionais da saúde. Praticamente
seis, em cada dez médicos, já sofreram agressões durante a atividade
profissional. É o que mostra um levantamento feito pelo Conselho Regional de
Medicina de São Paulo.
O levantamento, que também teve a participação do
Conselho Regional de Enfermagem, ouviu mais de 5.500 profissionais dessas áreas
este ano. O número de agressões relatadas foi maior no SUS.
A Sociedade de Pediatria de São Paulo também fez uma
enquete este ano e encontrou a mesma realidade: 64% dos pediatras disseram já
ter sofrido algum tipo de violência no exercício da profissão e 75% já
presenciaram cenas de violência contra um profissional de saúde.
Uma pediatra, que tem medo de se identificar, viveu isso
de perto. Em cinco meses, ela sofreu duas ameaças de morte. O primeiro caso
aconteceu depois que uma criança que estava internada em estado grave na UTI
morreu.
“E ele arrombou a porta da UTI. O pai foi quebrando
tudo, foi uma gritaria, foi dando chute, aí eu peguei a minha colega, puxei
pelo braço e a gente se trancou no quarto dos médicos”, disse a pediatra.
Quinze dias depois, outro pai, que também perdeu o
filho, disse que a mataria do lado de fora do hospital. “Eu fiquei com medo de
ele agredir a equipe e de ele machucar as crianças. E eu também pensava na
minha família, nas minhas filhas, fiquei em pânico. E esse foi um caso que eu
não me senti confortável em voltar. Então eu pedi demissão e era um serviço que
eu gostava muito de trabalhar, eu fiquei 9 anos lá”, contou.
O Ministério da Saúde diz que, entre junho
de 2015 e junho de 2016, 1,5 milhão de pessoas deixaram de utilizar os planos
de saúde. Isso representa 10% do total de pessoas que acessam o SUS. Com essa
mudança, segundo o Ministério, um sistema que já era caótica recebendo mais
gente vai terminar dessa maneira.
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