Anti-inflamatórios aumentam risco de infarto, diz estudo
Segundo estudo, o uso do ibuprofeno aumenta o risco de parada cardíaca em 30%, enquanto o consumo do diclofenaco pode aumentar a incidência em 50%.
Um novo
estudo publicado recentemente pela revista científica European
Heart Journal apontou
que medicamentos utilizados para combater dores e inflamações podem colocar em
risco a saúde do coração. A pesquisa apontou que o uso dos anti-inflamatórios não-esteroides, conhecidos pela sigla AINEs,
diclofenaco e ibuprofeno está associado a um aumento no risco de
infarto.
Não é a
primeira vez que essa categoria de remédios é relacionada à ocorrência de
eventos cardíacos graves. Em setembro passado, outro levantamento associou os
AINEs a um risco aumentado de insuficiência cardíaca. Para o estudo atual, os
pesquisadores analisaram as paradas cardíacas registradas na Dinamarca em um
período de nove anos, entre 2001 e 2010. Do total de 29 mil pessoas que
sofreram uma parada cardíaca, 3 mil delas haviam utilizado um anti-inflamatório
desse tipo até 30 dias antes do ataque — o que equivale a 12% do total. O
levantamento mostrou que os mais consumidos naquele país antes do evento
cardiovascular eram o ibuprofeno (51%) e o diclofenaco (21%).
O estudo
apontou ainda que o aumento do risco de parada cardíaca
com o uso do ibuprofeno supera os 30%, enquanto o uso do diclofenaco pode
aumentar a incidência em 50%. Os especialistas alertam que
aqueles que têm diagnóstico de doença cardiovascular, como hipertensão, devem
ter cuidado redobrado.
“Permitir que esses medicamentos sejam
adquiridos sem receita médica e sem qualquer conselho ou restrição envia uma
mensagem ao público que eles estão seguros”, disse Gunnar Gislason, coautor do
estudo em uma nota reproduzida pela Sociedade Europeia de Cardiologia. “Nosso
estudo reforça a evidência de efeitos cardiovasculares adversos dos AINEs
e confirma que eles devem ser levados à sério e usados apenas após consulta com
um profissional de saúde”.
De acordo
com a bula do ibuprofeno, “dados epidemiológicos sugerem que o uso de
ibuprofeno, particularmente na dose mais alta (2400 mg diariamente) e em
tratamento de longa duração, pode estar associado a um pequeno aumento do risco
de eventos trombóticos (trombose) com infarto do miocárdio ou derrame”. E
adiciona: “estudos epidemiológicos não sugerem que doses baixas de ibuprofeno
(menos que 1200 mg diariamente) estejam associadas com o aumento do risco de
eventos trombóticos (tromboses) arteriais, particularmente infarto do
miocárdio”.
Na bula
do diclofenaco, a fabricante também aponta que o medicamento não é indicado
para quem tem doenças cardiovasculares e que pacientes de risco devem ter
acompanhamento médico. “Se você tiver doença no coração estabelecida ou
nos vasos sanguíneos (também chamada de doença cardiovascular, incluindo
pressão arterial alta não controlada, insuficiência cardíaca congestiva, doença
isquêmica cardíaca estabelecida, ou doença arterial periférica), o tratamento
com diclofenaco sódico geralmente não é recomendado.”
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