O PT deu início no fim de semana passado ao processo que acabará resultando na nova direção do partido. Foi um troço melancólico. As coisas se explicam. A situação de Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe máximo da legenda, que já não era confortável, ficou pior depois do depoimento de Marcelo Odebrecht, nesta segunda, a Sérgio Moro. E com vazamento quase simultâneo. O juiz diz que vai mandar apurar. Marcelo depôs no processo em que Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, é acusado de ter intermediado o recebimento de R$ 128 milhões. O empresário confirmou ao juiz o que já se sabe que dissera em delação premiada. Sim, Palocci era mesmo o “Italiano” na tal lista de codinomes. E Lula, ora, ora, o “Amigo” — de fé, irmão, camarada… Parceiro de tantos caminhos, de tantas jornadas.
“Amigo” também era o nome de uma espécie de conta corrente da empreiteira vinculada ao ex-presidente. Ali, eram feitas as anotações de recursos que estariam diretamente relacionadas ao Todo-Poderoso do PT. É o caso dos R$ 50 milhões doados à campanha de Dilma, em 2014, ainda como pagamento de propina por Medida Provisória assinada por Lula, em 2009, que beneficiou a Brasken, do Grupo Odebrecht. Nesse caso, o acerto teria sido feito por Guido Mantega.
Mas há mais. E é neste ponto que a situação pode se complicar para Lula — como se já fosse simples. Marcelo relatou o pagamento ao próprio Lula, em espécie, de R$ 13 milhões. “Em espécie”, como vocês sabem, quer dizer dinheiro vivo. Nas anotações da Odebrecht, essa grana aparece associada ao “Plano B” — referência a Branislav Kontic, assessor de Palocci, e está dividida em seis parcelas.
O Instituto Lula deu a seguinte resposta à reportagem: “Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como “Amigo” (…) Por isso não lhe cabe comentar depoimento sob sigilo de Justiça vazado seletivamente e de forma ilegal.”
Na semana passada, bateu um pânico bravo no comando do PT. Palocci estaria, digamos, fraquejando e pensando em fazer delação premiada. Até agora, não se tem confirmação nenhuma. Uma coisa é certa: se não o fizer, a chance de amargar muito tempo em regime fechado é gigantesca.
Por que o PT se preocupa? Bem, gente com o tamanho de Palocci, ao delatar também para cima, só pode atingir uma pessoa: adivinhem quem.
Outro dado deixa os petistas especialmente incomodados: essa acusação não vincula o dinheiro a operações partidárias, como os R$ 50 milhões em propina que teriam ido para a campanha de Dilma. Os R$ 13 milhões ficam com jeito de grana repassada para, digamos, o fluxo de caixa do indivíduo Lula.
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